Entrevista da revista Materiais de Construção a Johan Stevens

 

STP013JSTblogueA Sanitop iniciou a sua actividade em 1993 em Viana do Castelo. Passados dezasseis anos, com crescimentos anuais sempre superiores a 20%, é uma empresa de referência em todo o país, especialmente nos sectores de material sanitário e de climatização.

Em entrevista à revista “Materiais de Construção”, Johan Stevens, director geral da Sanitop, analisou o mercado e descreveu-nos as vantagens em apostar em energia solar térmica.

Como analisa o mercado actual da construção e que medidas considera importante tomar para promover a sua retoma?

O mercado da construção está na confluência de três realidades que, conjugadas, tornam o momento especialmente difícil. Por um lado, o acerto para níveis sustentáveis da nova construção: a febre de construção dos anos noventa, associada ao crédito à habitação comercialmente muito agressivo, deu uma dimensão artificial e insustentável ao mercado. As consequências deste acerto têm-se feito sentir a ritmo acelerado, de há alguns anos para cá. Nos últimos três anos a quebra no número de novas construções desceu praticamente para metade. E este é um processo sem retorno. Um país com dez milhões de pessoas e mais de cinco milhões de casas não pode continuar a “semear” novas construções pelo território.

A segunda realidade resulta da actual crise global de confiança no sistema financeiro, que afecta a economia real provocando um compasso de adiamentos e hesitações em todo o tipo de iniciativas em muitas áreas da economia e muito especialmente nas relacionadas com o sector imobiliário.

A terceira realidade diz respeito aos mercados da reabilitação e da renovação: estas áreas de intervenção constituem em muitos países da Europa oitenta por cento do negócio do sector, mas em Portugal continuam incipientes. Por isso, pensamos positivas todas as políticas que promovam a revitalização dos centros urbanos. Bem como a recuperação de espaços rurais associados a novas dinâmicas económicas, ligadas às culturas locais mas com atracção global. A criação de condições para aceder a melhores padrões de conforto da maioria das pessoas. Todas estas políticas são fundamentais para a retoma que se deseja no sector da construção.

Importa contudo, não dramatizar a actual situação para além do razoável e olhar com alguma atenção para aquilo que outros países estão a fazer com resultados positivos.

Quando invocamos algum excesso de dramatização, referimo-nos concretamente à ideia que se generalizou sobre o peso da desvalorização imobiliária em Portugal. É verdade que estes bens sofreram alguma desvalorização, nas actuais circunstâncias de acerto de mercado e de crise, mas quem investiu na sua casa em Portugal, na maior parte dos casos, mantém património seguro e valorizável a prazo.

Quando falamos em olhar para outras experiências, estamos a pensar por exemplo no caso belga que conhecemos melhor e que, no meio de muita instabilidade governativa, conseguiu resultados interessantes nestas áreas. Em relação à renovação, o estado belga promoveu-a através de um mecanismo fiscal simples: IVA reduzido ao mínimo e dedução no IRS dos juros dos respectivos créditos, para todas as despesas relativas à renovação de casas com mais de 20 anos. Sobre a economia energética e o impacto ambiental nas edificações, também associaram a classificação térmica e as opções energéticas dos edifícios a benefícios fiscais aliciantes.

É neste sentido que nos parece que devemos caminhar. Porque a retoma no nosso sector é muito importante para contrariar o verdadeiro drama social que é o desemprego crescente.

Quais as vantagens para apostar em energia solar térmica?

São muitas as vantagens. Destacamos a contribuição para reduzir o aquecimento global. Trata-se da maior ameaça ecológica que a humanidade enfrenta. Com esta opção não acrescentamos CO2 à atmosfera.

Ao utilizarmos a energia solar térmica, reduzimos o consumo de gasóleo, gás, ou outros recursos energéticos de origem fóssil. Energias poluentes e com reservas limitadas. Energias que quando a retoma da economia mundial se afirmar voltarão inevitavelmente a subir de valor, de acordo com os novos padrões de procura.

Mas é desde já, também, muito significativa a vantagem económica. Um bom sistema solar térmico, bem projectado e bem instalado, reduz muito o consumo energético. É um investimento com retorno efectivo em poucos anos.

Que tipo de soluções possuem para o mercado profissional?

E para o mercado doméstico? A Sanitop disponibiliza aos profissionais todos os equipamentos e materiais para todas as situações possíveis, no que respeita a solar térmico: colectores, termoacumuladores, grupos hidráulicos, bombas circuladoras, bombas de calor para AQS, sistemas de controle, etc.

Que cuidados devem ser tomados no momento de aquisição de um aparelho solar térmico?

Antes de mais, importa deixar claro que não estamos a falar de um electrodoméstico! Estamos a falar de soluções técnicas que devem ser aconselhadas e acompanhada por profissionais competentes.

O primeiro passo é, sempre, analisar as características da habitação e as outras soluções térmicas já instaladas – caldeiras, esquentadores, radiadores, convectores, etc. -, compreender o tipo de família e o seu estilo de vida na utilização da habitação. Após esta análise inicial, é necessário determinar a melhor solução integrada, que através de bons equipamentos de regulação dê as melhores respostas em conforto e economia para cada caso específico. Há em Portugal cerca de 3.000 instaladores credenciados com CAP para fazer este trabalho.

Um bom sistema solar térmico necessita de bom projecto, bom equipamento e boa instalação. Primeiro – uma avaliação inicial realizada por profissionais, que dê lugar a uma proposta correcta (usando alguma liberdade na expressão, poderemos designar por um bom “projecto”). Segundo – bons equipamentos. E neste campo importa esclarecer que não basta que estejam certificados. Esse é o requisito mínimo. Os equipamentos certificados não têm todos o mesmo rendimento. Por exemplo, os equipamentos que foram fornecidos pelo programa solar do governo, até agora, estão longe dos que possuem melhores rendimentos e que se posicionam com preços idênticos ou até inferiores. Terceiro – boa instalação, realizada por profissionais habilitados para o efeito. Orientados para a confiança do cliente, nunca para a instalação a granel.

Que tipo de manutenção têm estes aparelhos? Que garantias oferecem para quem escolhe um produto vosso?

A manutenção adequada é uma rotina anual efectuada por um instalador profissional. A Sanitop possui três marcas de colectores – Insuatherm (marca própria), Wolf (fabrico alemão) e Riello (fabrico italiano) – todas com certificação europeia, a garantia máxima prevista na lei e dos melhores rendimentos do mercado.

Que expectativas têm para este ano, em termos comerciais? Considera que as pessoas estão receptivas à compra destes equipamentos?

No nosso caso, da Sanitop, vamos continuar a crescer. Porque, aos bons equipamentos, acrescentamos o desenvolvimento de parcerias leais com muitos dos melhores profissionais de instalação. Mas olhamos com preocupação para as consequências no sector do programa solar térmico do governo. Preocupa-nos que seja negado, aos que quiserem beneficiar da comparticipação do estado, o direito de escolher o melhor equipamento e o melhor instalador. Com esta iniciativa a livre concorrência é prejudicada.

Convém também esclarecer que o desconto do estado só é verdadeiramente de 50% numa das três opções que os bancos vendem. A de menor capacidade e muito limitada para a maior parte das situações.

Tememos que o mau trabalho deste programa defraude expectativas dos consumidores, por más soluções, com equipamentos medíocres e instalações a granel.

Um dos problemas que tem sido apontado a este tipo de sistema, prende-se com o factor estético. De que forma considera que pode ser contornado?

A qualidade estética dos equipamentos depende de nós. E, no nosso caso, propomos diferentes soluções para responder da melhor forma a este aspecto. Em relação à integração arquitectónica, os clientes finais e os profissionais de projecto e instalação estão cada vez mais sensibilizados para conciliar os aspectos técnicos com os estéticos. Aí, há muito para andar, mas estamos no bom caminho.

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